O Governo do Estado enviou ao Ministério Público ontem uma ampla documentação na qual constam dívidas de alto montante, não pagas, porém perdoadas, todas contraídas junto aos extintos Banco do Estado do Rio Grande do Norte (Bandern) e Bando de Desenvolvimento do RN (BDRN). O material, originário de levantamento da Empresa Gestora de Ativos do RN (Emgern), que administra os bens e direitos das liquidações do Bandern e do BDRN, aponta o nome de cinco devedores e avalistas - entre eles o ex-governador Iberê Ferreira de Souza - que teriam feito um acordo junto às instituições financeiras e quitado as dívidas. O problema é que o levantamento formulado na Emgern na atual administração não encontrou qualquer depósito comprovando os pagamentos, embora três magistrados do Tribunal de Justiça - os juízes Rogério Januário de Siqueira, da 6ª Vara Cível; Eduardo Bezerra Pinheiro, da Central de Avaliação e Arrematação; e Divone Maria Pinheiro, da 17ª Vara Cível, todos da capital - tenham reconhecido os acordos como legítimos e determinado o arquivamento dos processos que pedia a execução das dívidas.
Caso semelhante é o que envolve a empresa Souto Engenharia, Comércio e Indústria Ltda (Secisa). Os avalistas Álvaro Souto Filgueira Barreto e Luiz Sérgio Filgueira Barreto deixaram, segundo o governo, de comprovar o pagamento de uma dívida calculada em R$ 146,2 mil. "Embora a Emgern tenha obtido ganho de causa no STJ em março de 2010 para receber o pagamento da dívida a mesma Emgern informou ao Juízo ter havido a quitação da dívida".
´Estado vai retomar as cobranças, avisa secretário
O documento encaminhado ao Ministério Público é assinado pelo secretário chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes. Ouvido pela TRIBUNA DO NORTE ele afirmou que a intenção é desarquivar todos os processos de execução de dívidas, cujos pagamentos não foram até agora encontrados. O levantamento feito pela Emgern já foi encaminhado para a Procuradoria-Geral do Estado, que deverá proceder com o pedido de desarquivamento dos autos em situação de suposta ilegalidade.
"O Estado tentará reverter e anular essa extinção de dívida. Se o representante da dívida alega que houve acordo e não entrou um centavo isso se constitui em dano patrimônio público", enfatizou ele. Paulo de Tarso destacou que o governo espera as providências cabíveis por parte do Ministério Público.
O secretário afirmou que causou estranheza ao estado o fato de os acordos serem feitos sem a comprovação necessária e ter, ainda assim, a anuência do Judiciário. "Toda sociedade potiguar foi muito penalizada com o fechamento desses bancos. Aí chega meia dúzia de espertalhões que fazem acordo sem entrar um centavo. Eu acho revoltante", criticou Paulo de Tarso.
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