quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Grupo tentou desestabilizar a administração de Rosalba Ciarlini


Interceptações revelam que acusados de fraudes articularam ataques contra o atual governo, que cancelou serviço de inspeção.
Por Dinarte Assunção
Foto: Arquivo Nominuto.com

Rosalba Ciarlini: alvo de conspiração.
Saiba mais
Os envolvidos nas fraudes ao Detran tentaram no início deste ano desestabilizar o atual Governo do Estado diante da negativa da administração em implantar a inspeção veicular ambiental, revela petição do Ministério Público Estadual (MPE).

Desconfiado de que o suplente de senador João Faustino (PSDB) estaria traindo a confiança do grupo, o mentor do esquema, George Olímpio optou por pressionar Faustino, tentando fazer com que o tucano utilizasse sua influência junto à administração de Rosalba Ciarlini (DEM) para aceitar a inspeção veicular.

Não tendo logrado êxito, coube a Alcides Fernandes, interlocutor do grupo em São Paulo, contatar, aponta o MP, o apoio do publicitário Ruy Nogueira para produzir notícias na imprensa nacional desfavoráveis ao Governo do Estado do RN.
Em uma ligação interceptada, as intenções do grupo são reveladas quando Alcides comenta com Marcus Procópio, genro de João Faustino, que começaria a agir de um jeito "que não vai ter governo nos próximos oito anos".

Interceptação telefônica datada de 7 de fevereiro deste ano descortina a articulação de um eventual golpe à administração. Entre outros intentos, a pretensão do grupo era utilizar a influência de Alcides junto ao deputado cassado José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para que ambos acabassem com o Governo do RN junto ao Federal.

A chantagem
Uma das estratégias adotadas pelo grupo era garimpar informações sobre influentes políticos e empresários do RN e fazer chantagem com o conteúdo. A intenção era que, caso as figuras não fizessem lobby pelo grupo, o dossiê seria vazado.

São citados nas interceptações o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), o presidente do grupo Riachuelo, Nevaldo Rocha, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e seu marido, o ex-deputado estadual Carlos Augusto.

"...tao achando que podem tudo? Vamos ver se ela aguenta, com um mês de governo ... e uma pressao basica ... vamos ver se ela aguenta ... quer "botar pra f..." vamos "botar para f...". Eles (falando de Rosalba) não vão perder esse contrato, nao. Eles vão perder o governo...", diz George em conversa com Alcides em 8 de fevereiro deste ano. No dia seguinte, a governadora anunciou o cancelamento da inspeção veicular ambiental.

Duas semanas depois o grupo tentou cooptar o vice-governador Robinson Faria para interceder pela validação do contrato do Consórcio Inspar, empresa presidida por George Olímpio e vencedora da licitação - apontada como fraudulenta - que implantaria a inspeção veicular no Estado.

Dessa vez, o designado foi Gilmar da Montana. Coube a ele não só tentar convencer o vice-governador, mas também conversar com Carlos Augusto Rosado. Para chegar a Robinson, o grupo se utilizou da ligação de Alcides com o prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab.


(Esta Começando)Imprensa nacional destaca escândalo no RN, com prisão de João Faustino e denúncia contra Iberê e Wilma

A operação Sinal Fechado, deflagrada hoje pelo Ministério Público, ganhou destaque na mídia nacional. A Agência Estado de São Paulo traz matéria mostrando a prisão do suplente de senador João Faustino e a denúncia contra o ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira.
Veja a matéria completa publicada na Agência Estado:
No Rio Grande do Norte o Ministério Público identificou um suposto esquema fraudulento no Departamento Estadual de Trânsito e operacionalizado a partir de um suplente de senador e dois ex-governadores. A operação “Sinal Fechado” foi deflagrada ontem e culminou com a prisão de 14 pessoas e 25 mandados de busca e apreensão.
Entre os presos estão o ex-senador e atual suplente João Faustino Ferreira Neto (PSDB), o ex-diretor geral do Detran local Carlos Theodorico Bezerra e o advogado George Anderson Olímpio da Silveira. Os ex-governadores Wilma de Faria (PSB) e Iberê Ferreira (PSB), embora não tenham sido presos, também são denunciados como integrantes da suposta organização criminosa.
O Ministério Público acusa o grupo de comandar, a partir do Detran, um esquema que fraudava licitações para contratação de empresas no órgão. As fraudes ocorreram nos anos de 2008, quando Wilma de Faria dirigiu o Estado, a 2010, já na gestão Iberê Ferreira. Segundo os promotores, os dois ex-governadores participaram diretamente do esquema de corrupção. O Ministério Público detalha, no pedido de busca e apreensão acatado pela Justiça, que Wilma de Faria chegou a encaminhar ao advogado George Olímpio (que terminaria vencendo a licitação) a minuta do projeto de lei que seria enviada a Assembleia Legislativa criando a inspeção veicular no Rio Grande do Norte.
Logo após ser preso, o suplente de senador João Faustino ironizou o nome da operação deflagrada pelo Ministério Público: “Eu não sei que operação Sinal Fechado é essa. Eu não passo em sinal fechado, só passo em sinal aberto”, disse. Ele afirmou que está sendo vítima de um “equívoco”. “O Rio Grande do Norte me conhece, sabe que eu sou um homem de bem e tenho uma história de honradez. Eu estou sendo vítima de um grande equívoco, e não sei ainda traduzir a sua dimensão. Mas confio na justiça”, destacou.

(Esta Começando) Fechado: MP diz que Iberê seria "eminência parda" no esquema


                                       Arquivo TN MP alega que Iberê tem forte relação com suposto esquema fraudulento


O ex-governador Iberê Ferreira de Souza, de acordo com o Ministério Público, seria o maior mentor e articulador do esquema suposto fraudulento para pôr em funcionamento a inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Os promotores de Justiça que assinam a petição taxaram o ex-governador de "eminência parda" por trás de George Olímpio, que aparece como líder da Inspar.
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De acordo com o Wikipedia, "Eminência parda", em política, é o nome que se dá quando determinado sujeito não é o governante supremo de tal reino ou país mas é o verdadeiro poderoso, agindo muitas vezes por trás do soberano legítimo, o qual é uma marionete dele, e pode muito bem ser deposto pela eminência parda caso este não o agrade. A eminência parda ainda pode se utilizar de qualquer tipo de poder para exercer seu poder, seja ele militar, econômico, religioso e/ou político.

Ainda na petição, o Ministério Público diz que há provas de que Iberê Ferreira "teria recebido, pelo menos, R$ 1 milhão do esquema, além de ter sido agraciado com cotas de participação nos futuros lucros do Consórcio Inspar".

O MP alega ainda que Iberê "teria contribuído decisivamente para a contratação irregular do Consórcio Inspar e para a contratação fraudulenta da Planet Business LTDA. Além disso, presidiu a reunião do CDE que aprovou a minuta de contrato da Planet Business LTDA sem que sequer existisse o órgão para o qual esta empresa prestaria serviço. Enfim, foi quem assinou o contrato de terceirização de serviço do CDE/Detran/RN e o termo de consessão do serviço de inspeção veicular ambiental".