sábado, 28 de maio de 2011

PSDB vai dividido à convenção

Brasília (AE) - Sete meses após a derrota na eleição presidencial de 2010, o PSDB chega a seu primeiro encontro nacional dividido entre setores que buscam se cacifar internamente na disputa pelo Palácio do Planalto em 2014. A Convenção Nacional do partido, hoje, em Brasília, ficará marcada pela ausência de unidade em torno de um projeto comum para o maior partido de oposição.

Ex-governador José Serra quer a presidência do Instituto

Ainda ontem, véspera da reunião, o partido buscava um acordo, capitaneado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na disputa entre o senador Aécio Neves (MG) e o ex-governador José Serra (SP), aspirantes ao título de próximo candidato do PSDB à Presidência.


Depois de negociações em torno da composição da Executiva Nacional, cúpula partidária composta por 23 cargos, a ser eleita amanhã, restou um nó a ser desatado: a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV). Aécio apoia a indicação do ex-senador Tasso Jereissati (CE). Serra, depois de resistir a oferta inicial de ficar com o posto, passou a pleitear a presidência do instituto, com um orçamento de cerca de R$ 10 milhões e responsável por estudos e pesquisas do partido.

Tanto o presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra, que será reconduzido amanhã ao cargo, quanto Aécio não querem Serra no ITV por avaliarem que será criada no partido uma “presidência paralela”. Cederam ao grupo de Serra a primeira-vice-presidência do PSDB como principal espaço na Executiva Nacional.


Ontem, Serra, FHC e o governador paulista Geraldo Alckmin reuniram-se no apartamento do ex-presidente para discutir uma solução. Fernando Henrique defendia a indicação do ex-governador à presidência de um Conselho Político, a ser criado pelo PSDB amanhã. Serra, no entanto, resistia, segundo aliados. Para os serristas, o conselho era um “prêmio de consolação” que buscavam dar a ele.


A cúpula tucana acenou com um conselho enxuto, com no máximo seis integrantes, que teria autonomia financeira e administrativa e direito a contratar uma equipe de assessores para ajudar Serra a formular as políticas e o discurso do PSDB. O ex-governador, no entanto, mostrou-se indignado com o “veto” a seu nome para presidir o ITV e ameaçou explicitar o racha boicotando a convenção. O líder da bancada tucana na Câmara, Duarte Nogueira (SP), avaliava como “remotíssima” a possibilidade de ele aceitar a troca do ITV pelo Conselho Político. Aécio, no entanto, mantinha-se otimista em relação a um acordo, argumentando que o PSDB é “muito maior que qualquer um de nós”.


Reunidos na sede do PSDB em Brasília, Aécio e Sérgio Guerra aguardavam por um sinal de “fumaça branca” de São Paulo. Com o grupo, estava o ex-senador Tasso Jereissati. Dois meses atrás, diante da convite dos senadores para que aceitasse a presidência do instituto, ele foi a São Paulo falar com FHC e Alckmin.

Serra havia recusado a ideia de presidir o ITV e ainda não tinha recolocado seu nome. Com a aproximação da convenção, voltou atrás. Os paulistas endossaram a reivindicação abrindo mão de outras posições na Executiva do partido para acomodar o ex-governador no ITV. 


Geraldo Alckmin pede união do Partido


Mongaguá (AE) - O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira em Mongaguá, na Baixada Santista, que defende a participação do ex-governador José Serra no Instituto Teotônio Vilela e que todos participem da formação da direção do PSDB na reunião da Executiva Nacional do partido, sábado, em Brasília.


“Como se forma uma direção partidária? Com entendimento, com participação. Eu defendo que todos participem. Minha colaboração vai ser unir o partido sem nenhuma pretensão de natureza pessoal”, disse Alckmin, que não poupou elogios ao seu antecessor no Palácio dos Bandeirantes. “Defendo uma participação do Serra, que teve mais de 40 milhões de votos na última eleição, e neste momento não tem mandato. Ele é um dos grandes quadros da política brasileira e vai dar uma excelente contribuição ao País através da vida partidária, através do Instituto de estudos Teotônio Vilela”, afirmou Alckmin.

O governador nega que o PSDB esteja dividido e afirma que o partido estará com uma chapa única na convenção de sábado. Para Alckmin, não há grupos entre os tucanos e sim, lideranças e compara o PSDB ao o partido norte-americano Democrata. “Não há divisão (no PSDB). É natural que os partidos políticos tenham bons quadros para disputar as eleições. Nos Estados Unidos houve uma disputa que o mundo inteiro acompanhou, no partido Democrata, entre a senadora Hilary Clinton e o senador Barak Obama. O partido Democrata estava dividido? Não. Ele tinha bons quadros e escolheu o seu candidato de forma democrática. É natural. Isso é bom, é um bom problema”, disse ele, destacando a importância do papel da oposição.

De acordo com Alckmin, a eleição da nova executiva nacional é importante para o Brasil porque e tão democrático ser governo quanto ser oposição. “É tão patriótico quanto ter uma oposição fiscalizadora, altiva, propositiva, pensando o Brasil, levantando projetos, fiscalizando o governo” e cita Santo Agostinho: “Prefiro os que me criticam porque me corrigem aos que me adulam porque me corrompem”, completando que um governo bem intencionado “até se beneficia com a oposição”.


Entretanto, o governador critica a oposição no Brasil, as coligações e chama as alianças governistas de “cultura de carrapato”. “A oposição é minoria no Congresso neste governo, como foi minoria no governo passado e será no futuro porque o Brasil tem uma cultura governista, adesista, de fazer política agarrado que nem carrapato no governo. Aonde você tem governo todo mundo corre para o governo”, disse ele, que defende a Reforma Política como forma de diminuir a quantidade de partidos políticos.


“O Brasil não tem partidos políticos, o Brasil tem personalismo na política, enquanto não fizer reforma política só vai piorar esse quadro. Hoje tem mais de 30 partidos, crescendo na democracia num mundo que tem a governabilidade, um trabalho mais sério nesse sistema eu diria que a reforma política é importante e como eu sei que é difícil eu faria uma coisa que é proibir coligação proporcional. Só isso vai baixar de 30 para cinco seis partidos”, completou. 

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